segunda-feira, 16 de junho de 2008

Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral

“A natureza sobrepõe-se à razão. Ser filósofo, na consequência final, é renunciar ao racionalismo.”

Segundo Hume quando refletimos sobre nossas experiências passadas, nosso pensamento atua como um espelho fiel e copia corretamente os objetos, no entanto, as percepções originais sempre serão as mais fortes. Para Hume quando um evento provoca outro evento, não há necessariamente uma conexão entre eles. Hume negou que possamos fazer qualquer idéia de causalidade, mas, o que acontece é que quando vemos que dois eventos sempre ocorrem conjuntamente, tendemos a criar uma expectativa de que quando o primeiro ocorre, o segundo também ocorrerá. Hume admite que há um princípio de conexão entre os diversos pensamentos ou idéias da mente, e que ao surgirem à memória ou à imaginação, eles se introduzem uns aos outros com um certo grau de regularidade. No entanto, para Hume o conhecimento acontece somente quando conseguimos, de alguma maneira, associar estas idéias. Para Hume o conhecimento está limitado à experiência. Diz o autor: “Uma produção sem um desígnio assemelhar-se-ia mais aos delírios de um louco que aos sóbrios esforços do gênio e da sabedoria.”
Hume divide as representações em representações dos sentidos e de auto percepção. As representações são póstumas às sensações. As impressões são sensações. A percepção pura, o sentir, o primeiro contato com o mundo - como uma criança o tem antes de se envolver em reflexões e desenvolver a mente, tudo isso são impressões. Mais tarde, através da representação,o sujeito forma a idéia. A idéia é um reflexo da impressão, uma cópia pálida, até uma deturpação da percepção bruta. Um exemplo de impressão é uma noção simples como perceber a tristeza. Um exemplo de idéia seria um anjo. Através das impressões criamos imagens (vale dizer quimeras) que não existem no mundo material. Para se chegar na imagem de um anjo é preciso compô-la. A essa teoria de Hume dá-se o nome de empirismo psicológico, cuja consequência é o empirismo lógico. Uma palavra só é significativa se tem um correspondente no mundo. Todas as idéias válidas tem fundamento na impressão. A abstração não existe. A base do conhecimento são as impressões e relações entre as idéias, como as associações. Todas as impressões são inatas. Por inatismo Hume considera tudo que é original, e não uma cópia. O fato de esperarmos certos efeitos de alguns fenômenos, seja por hábito ou por observação demonstrativa, faz com que vejamos a natureza de determinada maneira. Para garantir sua sobrevivência, o homem coloca ordem nas coisas. Dá preferência ao útil. A base das ciências naturais para Hume é irracional. A natureza sobrepõe-se à razão. Ser filósofo, na consequência final, é renunciar ao racionalismo. O princípio causal tem origem na experiência, e deste provém o conhecimento. Temos a mente formatada pelo costume e experiência. A causalidade não é objetiva, pois nem sempre as mesmas causas produzem os mesmos efeitos.